sábado, 22 de dezembro de 2007

Que prazer é esse pelo qual procuramos?

O centro comercial da cidade está um inferno.
Pessoas caminham apressadas, impacientes, nervosas. Lojas lotadas, vendedores estressados, filas enormes. Assaltantes fazendo a festa. Gente estourando cartão de créditos para todos os lados, atendendo a seus desejos insasiáveis de presentear pessoas no natal. Mas pra que mesmo tudo isso?
Não é de hoje que todo mundo sonha com um natal como manda a tradição. Muitos pacotes de presentes embaixo de uma árvore bonita e enfeitada no canto da sala, próximo a lareira. O peru, o salpicão e a champanhe em cima da mesa, crianças correndo por toda a parte, jovens e idosos se abraçando em confraternização e a neve caindo no vidro da jenela. Porém, não temos neve, o peru tá caro, lareira em teresina resultaria em morte imediata por combustão e, criança, pelamordeus, faz um barulho dos diabos. E é bem aqui neste parágrafo que eu me pego pensando, procurando, estimando, presumindo, sobre que porra de prazer é esse que procuramos. Em festas, reunião de amigos, bares, conversas, beijos, num copo de cerveja, no que quer que seja. Essa busca incansável por situações que nos proporcionem prazer tem todo fundamento. O que não tem nenhum sentido pra mim, até agora, é o fato das pessoas aplicarem certos valores estranhos em situações irritantes. Confesso que o natal é lindo e blablabla. Mas tem realmente algum sentido em ficar horas numa fila pra pagar por um presente caro, algo material, que com certeza não trará tanto prazer quanto um pouco de atenção ou um ombro amigo. Que presente melhor posso dá a meus avós do que sentar-me ao lado deles todas as tardes e conversar um pouco, o mínimo que seja, ouvindo histórias de natais e carnavais passados?
Dentre tantos pensamentos soltos, só isso não faz sentido para mim, agora, juro.
Como consigo sentir muito mais prazer em tocar uma música que gosto muito bem aqui no violão, as 3 da madrugada, para absolutamente ninguém, do que em está numa festa lotada de gente e possibilidades de segundos alegres que me deixarão triste depois?
Eu só quero uma rede no campo, um bom livro, um filme velho na tv, fazer macarronada na cozinha melando tudo, um café com o pai na varanda, num papo provavelmente chato sobre meu futuro, uma conversa inútil cheia de xingamentos com a minha irmã, uma noite de vinho ouvindo uma boa música com a mãe, e uma tarde deitada no chão gelado do quarto do vô, dormindo até babar.
Se alguém encontrar situações mais prazerosas do que essas, por favor, me avise.

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