quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Carta para mim

Entenda, querida.
A gente não vive no tempo dos outros. O que está sendo bom pra alguém agora, poderia ser péssimo para você. E tudo chegará no tempo certo. Não sei quem me garantiu isso, mas confie. Se agora faz frio e não há ninguém por perto pra te aquecer, não se sinta triste. O edredon está na segunda porta do armário e tem um pouco de chocolate quente no fogão. No outro dia fará sol, afinal, e você poderá sim andar na rua, pulando as poças d'água que se formaram. Se disse coisas das quais se arrependeu, esqueça. Mais tarde todos terão esquecido também, e o que importa mesmo é que não teve de responder a nenhum processo, até então. Se caiu de cara no chão, não deixe que ela fique lá por muito tempo. Você, sabe-se deus como chegou a maior idade. Nem um sopro cardíaco aos 4 anos conseguiu te derrubar. Seu coração ainda será partido várias vezes de uma forma não-cirúrgica e sem anestesia. E em cada uma delas você morrerá um pouquinho. Mas só um pouquinho, muito pouco mesmo. Porque seus amigos de verdade sempre vão está por perto pra te reavivar. Um ou dois, de verdade. Ah, vai, ninguém precisa mesmo de muitos. Não dê ouvidos pra conselhos de gente com menos da metade do seu conhecimento. Aliás, não ligue pra nenhum. Exceto para aquele que diz pra você guentar firme, deitar e dormir. E, se agora parece que ninguém mais no mundo se importa com você, dane-se. Talvez a maioria nunca tenha estado mesmo pouco se fudendo pra você ou seus sentimentos. Mas, sem dúvida, alguns morrem pelo seu sorriso. Veja a chuva cair, repare o barulho que ela faz no telhado e deixe que essa angústia se vá junto com ela. Se cubra com as mantas da rede, escutando aquela canção e não se importe com mais nada.
Você tem a faca, o queijo, e um futuro inteiro nas mãos. Segure bem.
Aaah, coração.
Abraça forte aqui e espera que essa noite já vai passar.

Luana.

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